A Contribuição do Brasil na Cúpula do P20
AGENDA CLIMÁTICA
Ana Laura Magalhães, Especialista em Investimentos e Forbes U30
2/13/20253 min ler
Vertical Agenda Climática
d e s e n v o l v i d o p o r


Em tempos de rápidas mudanças, o Brasil se destaca como um dos protagonistas globais na agenda ESG. A recente declaração da Cúpula dos Parlamentos do G20, realizada sob a presidência brasileira, refletiu uma importante visão sobre o combate à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a governança global — temas que dialogam diretamente com a realidade e o potencial do país em se tornar uma potência em energias renováveis, especialmente com os biocombustíveis. Com o lema “Parlamentos por um mundo justo e um planeta sustentável”, nasce, por sua vez, o P20, uma plataforma de parlamentares dos países do G20, e por isso você não leu o título desse texto de forma equivocada. O P20 é quem reforçou compromissos contra a fome e a pobreza, mas também colocou a sustentabilidade no centro das decisões globais. Esse é o tipo de liderança responsável que precisa existir não só entre os governos, mas também entre empresas e instituições que compreendem a urgência das questões em discussão. Para o Brasil, a defesa dos biocombustíveis vai além do discurso. É uma questão estratégica que impacta a transição energética, mantendo-se alinhada aos compromissos do Acordo de Paris e que ao mesmo tempo defende a capacidade brasileira, que é única, de ampliar a produção sustentável de etanol. Mas, no cenário internacional, essa proposta enfrenta resistência. Na Europa, países como a Alemanha defendem o princípio do uso em cascata da biomassa, que hierarquiza o uso de matéria-prima para alimentos e outros produtos, deixando a produção energética como último recurso. O Brasil, em contrapartida, argumenta que sua grande extensão territorial permite uma produção que não compete com a produção de alimentos, ao contrário do cenário europeu, onde a falta de terras limita o cultivo diversificado. Além disso, iniciativas como o programa RenovaBio incentivam o uso sustentável de terras, utilizando áreas de pastagens degradadas para o cultivo da cana-de-açúcar, um modelo de produção responsável que poderia ser exemplo para o mundo. Outra importante adição à declaração final da cúpula foi a “Carta de Alagoas”, um compromisso assumido para ampliar a participação feminina em todas as esferas de decisão e promover a justiça climática e o desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas. No cenário ESG, essa combinação entre biocombustíveis, transição energética e justiça social representa o que o Brasil tem a oferecer ao mundo. Isso mostra que é possível crescer de forma responsável, promovendo energias renováveis e ao mesmo tempo fortalecendo uma economia inclusiva. A mensagem do P20 é clara: o combate à desigualdade, a promoção de uma governança global mais equitativa e a busca por justiça social são caminhos que precisam ser seguidos em conjunto com o desenvolvimento econômico. A presidente da União Interparlamentar, Tulia Ackson, resumiu bem a responsabilidade ao dizer que é necessário transformar palavras em ações concretas. Não basta comprometer-se com uma agenda ESG, é necessário atuar com uma visão de futuro que transcenda as decisões imediatas. Para empresas, governos e líderes, fica o desafio de seguir com coragem e compromisso na implementação dessas ideias.


Há quanto tempo já falamos sobre isso? E onde vemos resultados concretos na mesma proporção? O Brasil colocou os biocombustíveis como prioridade e demonstrou sua capacidade de liderar debates sobre o futuro da sustentabilidade, mas a responsabilidade do país agora é fazer com que esse potencial se traduza em ações reais, tanto nas políticas internas quanto nas exportações. Além de mostrar que o P20 não é somente mais uma nomenclatura, mas na verdade, um movimento.