Da Rio-92 à COP-30: O que esperar do Brasil?
AGENDA CLIMÁTICA
WVN Brasil
2/12/20256 min ler
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Da Rio-92 à COP-30: O que esperar do Brasil?
O estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30
A história da COP (sigla para Conference of the Parties, que em tradução livre para o português significa Conferência das Partes) começou em 1994, quando a ONU colocou em vigor a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992 para prevenir intervenções humanas perigosas no sistema climático. Em 1995, as Partes se reuniram pela primeira vez em Berlim, dando início às negociações globais sob os princípios da convenção. Desde então, a COP se consolidou como o principal fórum para discutir e coordenar ações contra as mudanças climáticas. A COP tem sido palco de alguns dos acordos mais significativos para a ação climática global, como o Protocolo de Kyoto em 1997, que estabeleceu as primeiras metas de redução de emissões para países desenvolvidos, e o Acordo de Paris, em 2015, que consolidou o compromisso de limitar o aumento da temperatura global a menos de 1,5°C. A cada edição, a COP tem evoluído para abordar a redução das emissões e outros temas como justiça climática, financiamento para países vulneráveis e inovações tecnológicas para uma transição energética sustentável. Ao longo de quase três décadas, a COP se tornou um espaço ativo de desafios e progressos, refletindo o esforço contínuo para enfrentar a crise climática. Realizada anualmente, a conferência reúne líderes de quase 200 países, cientistas renomados, ativistas e representantes de setores variados com um objetivo comum: alinhar estratégias para frear o aquecimento global e lidar com seus impactos já presentes. Desde 1995, as COPs vêm monitorando os compromissos assumidos na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), e a 30ª edição não será diferente.
COP-29
A COP-29, realizada em Baku, Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024, reuniu representantes, organizações não governamentais e especialistas para abordar a urgência de intensificar os esforços diante de um cenário alarmante: projeções indicam que a temperatura global pode exceder o limite crítico de 1,5°C já na próxima década. A escolha do Azerbaijão como anfitrião ressaltou a importância das abordagens regionais na luta contra os desafios climáticos. Com sua rica biodiversidade diversificada e impactos ambientais crescentes, o país reflete bem as questões que a comunidade internacional enfrenta. Um dos temas centrais deste ano foi o financiamento climático, especialmente voltado para apoiar países em desenvolvimento. Garantir que essas nações, que frequentemente enfrentam os impactos mais severos das mudanças climáticas, tenham acesso aos recursos necessários para se adaptarem e mitigar esses desafios é fundamental. Nesse contexto, o papel do Azerbaijão, um país que ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, foi crucial para equilibrar essas questões. A conferência também abriu espaço para discutir inovações tecnológicas e a transição para energias limpas. Além disso, a justiça climática foi um tema em destaque, reconhecendo a necessidade de garantir que os países mais vulneráveis tenham voz nas negociações e acesso a recursos financeiros. Outro tema discutido foi a atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), os compromissos voluntários de redução de emissões dos países. A COP-29 buscou pavimentar o caminho para que as nações apresentem planos mais ambiciosos antes da COP-30, em 2025.


Atualmente, as metas em vigor apontam para um aquecimento médio de 2,4°C até o fim do século, um cenário que ameaça ecossistemas e comunidades em escala global. Outro destaque foi a redefinição da Nova Meta Coletiva Quantificada para financiamento climático. Desde 2010, países desenvolvidos prometeram US$ 100 bilhões anuais para apoiar nações em desenvolvimento na adaptação e mitigação das mudanças climáticas. No entanto, esse compromisso tem sido insuficiente diante das necessidades reais, demandando não apenas um aumento significativo nos valores, mas também maior transparência na distribuição dos recursos. Os mercados de carbono também foram amplamente discutidos, com foco no Artigo 6 do Acordo de Paris. A COP-29 buscou estabelecer padrões mais claros e rigorosos para garantir que as negociações de créditos de carbono resultem em cortes efetivos e mensuráveis nas emissões globais. A regulação desse mercado é vista como essencial para impulsionar ações econômicas que favoreçam a transição para uma economia de baixo carbono. Além disso, os debates sobre adaptação climática e compensação por perdas e danos ganharam destaque. Países vulneráveis aos impactos de eventos extremos, como inundações e secas severas, cobraram avanços em mecanismos financeiros que ofereçam suporte para lidar com as consequências inevitáveis das mudanças climáticas. A COP-29 foi, portanto, uma oportunidade para reforçar a cooperação internacional e ajustar as estratégias necessárias para enfrentar um futuro climático desafiador.
Rumo à COP-30
A COP-30 está marcada para novembro de 2025 em Belém, no Pará, e promete ser mais do que um encontro global sobre mudanças climáticas – será um marco histórico. Pela primeira vez, a Amazônia será o palco para discussões fundamentais sobre preservação ambiental, inclusão de comunidades indígenas e ribeirinhas e as estratégias para o futuro sustentável da maior floresta tropical do mundo. Os preparativos já movimentam a região com investimentos em infraestrutura e turismo, transformando Belém em um ponto de convergência internacional. A cidade se prepara para receber cerca de 40 mil visitantes, incluindo 7 mil representantes das delegações oficiais da ONU e de diversos países, em uma jornada que coloca o coração da Amazônia no centro das decisões globais.
Principais Metas da COP-30
As expectativas se voltam para as metas que podem definir os rumos da ação climática global nos próximos anos. As prioridades refletem a urgência de medidas mais efetivas e abrangentes, capazes de reverter o curso das mudanças climáticas e proteger os ecossistemas vitais do planeta. Entre as prioridades está o fortalecimento dos compromissos para reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa até 2030, em linha com a meta global de limitar o aquecimento a 1,5°C. Outra meta essencial é a ampliação do financiamento climático para apoiar os países em desenvolvimento, garantindo recursos suficientes para a adaptação às mudanças e para a transição para uma economia de baixo carbono. Além disso, a COP-30 busca estabelecer novas estratégias de proteção dos ecossistemas florestais, com foco especial na Amazônia como peça-chave na regulação do clima global.
Transição energética
A transição para energias renováveis se firma como uma das metas mais essenciais da COP-30, refletindo a urgência de um novo paradigma energético. Adotar fontes de energia limpa, como solar e eólica, é uma necessidade urgente para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O objetivo é eliminar gradualmente o uso do carvão, um dos principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, e ampliar a participação das energias renováveis na matriz energética mundial. Além dessa redução significativa das emissões, esta transição promete também a criação de novas oportunidades econômicas e inovações tecnológicas. Com a COP-30 a caminho, a expectativa é que esses compromissos se materializem em ações concretas, sinalizando um futuro onde a sustentabilidade e o desenvolvimento caminham lado a lado. A luta pela proteção do planeta agora exige um esforço coletivo para transformar visões em realidade e garantir um legado positivo para as futuras gerações.